terça-feira, 22 de maio de 2012

Meu filho não quer largar o peito.


"Meu filho não quer largar o peito. Procura durante a noite, não sei o que fazer."
'Tenho pena de desmamar, ele gosta tanto!' Já tentei mas não conseguí, fiquei com muita dó, ele ficava procurando abrir minha blusa, puxava...' 'O pediatra disse que já está na hora, mas não sei se concordo.'

Estas palavras ilustram o dilema que vivem as mães no momento de desmamar seus filhotes. Elas tendem a valorizar as perdas e o sofrimento, tanto para si como para o bebê. Parece que vai se perder o melhor do aconchego, do amor, da nutrição, da tranquilidade que só elas podem dar. Ainda não estão claros os ganhos importantes que virão...

Um recém nascido não percebe os limites de seu corpo e o confunde com o materno numa espécie de prolongamento da gestação. Pode, por exemplo, achar que o seio que o amamenta é uma parte dele. Aos poucos essa ilusão deverá se desfazer. A mãe, inícialmente muito envolvida com a fragilidade do pequenino, voltará a ter outras necessidades e prazeres que irão colocando uma distância entre eles. O bebê irá se dando conta desses  movimentos e, conjuntamente, desenvolverá a capacidade de suportar o fato de que não se encontra sempre conectado ao corpo de sua mãe.

Paralelamente, irá descobrindo objetos, sons, pessoas, partes do próprio corpo e, claro, outras comidas... O relacionamento entre mãe e filho se modifica: brincadeiras, palavras, oferta de alimentos. A criança aceita e gosta de alternar a presença materna com a de pessoas queridas. Surgem os dentes e ela já não necessita do leite para se manter.

A partir deste momento, o contato com o seio ficaria apenas a serviço do prazer e deve ser substituído por outras atividades. É comum as mães relatarem que a linguagem de seus filhos se desenvolveu bastante após o desmame. Resistir a isso é resistir ao crescimento.

O gesto da mãe, ao privar o filho do seio, o impulsiona para finalizar um movimento de apego e desapego, que  funcionará como modelo em períodos cruciais da vida. Ajuda-o a se constituir como um individuo  que não depende do corpo da mãe para se satisfazer.


Certamente, o aconchego, a intimidade, a ligação, virão de outras situações, onde o amor poderá se manifestar...


Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/

Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/

Extraído do blog: www.vivazpsicologia.blogspot.com





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