Naquele dia saí com um grande objetivo: encontrar
uma boa escola para minha filha. Mas que tipo de escola? Pequena ou grande? Que
tipo de linha pedagógica? Será que saberiam colocar limites e ainda assim serem
modernos?
Tinha uma ideia razoável do que queria. Precisava
ter um bom ambiente e valores parecidos com os meus. Espaço e conforto para as
atividades. Treinamento contínuo para os professores. Proporcionasse condições
para uma boa faculdade, de preferência, por um bom preço. E por último, mas não menos importante: ser
um lugar onde minha filha tivesse prazer em estudar.
Coloquei todas as interrogações
na bolsa e fui visitar as melhores escolas da região. Afinal, existem na praça
muitas escolas prometendo acelerar o desenvolvimento das crianças. A disputa
muitas vezes ultrapassa o limite ético e descamba para a propaganda barata.
Muito pomposo, mas sem conteúdo.Como se aquela escolinha da esquina tivesse
tido acesso a um estudo fabuloso que revoluciona o ensino mundial e que, por
milagre, foi entregue só para ela.
Precisava ter cautela!Os pequenos não
estão preparados para aprender da mesma forma que os mais velhos. Idealmente, a
escola deve ser um ambiente seguro e estimulante supervisionado por adultos
preparados. Os tempos mudaram: hoje, estamos na era
do espetáculo global. Assim, tinha de ser uma escola que tivesse tradição, com
o olhar no futuro e com os pés no chão.
A vida é puro malabarismo. Procurei
sair de banda dos apelos das escolas fora de série, sem avaliação do aluno.
Talvez minha filha é que ficasse por “fora” de tudo. Ora, o objetivo do estudo
não é preparar o aluno para o vestibular?! Daquelas que cheiravam naftalina com
seus modelos velhos passei bem longe. Certeza mesmo você só vai ter no dia a
dia. Mas uma visita com a criança na escola pode ajudar bastante antes de tomar
a decisão.
Foi isso que fiz. Não há nada demais em buscar
referências com colegas ou pais que você conheça na porta da escola. Eles
geralmente ajudam a compreender como funciona na prática o projeto pedagógico.
A troca de idéias é sempre uma ótima pedida. Foi uma grata surpresa quando
encontrei uma escola. Já no portão tive ótimas referências.
Os pais pareciam satisfeitos
e me disseram que a escola acolhe bem os seus filhos. Que o ensino é forte, e
que as apostilas são bem preparadas. E o mais importante: que os filhos saíam
felizes da escola.Bem, não satisfeita, falei longamente com a coordenadora
pedagógica e ainda fui numa feira de ciências.
Logo de cara vi muita criança feliz, de fato. Umas tocam flauta, sanfona
e tamborim. Outras mostram num ensaio como eclode um vulcão. E, na sala dos
pequenos, reciclagem se faz com mãos na massa e viram utensílios de toda ordem.
Lá, mitologia é contada em livrinhos confeccionados e desenhados pelos alunos.
Charles Chaplin não é filme velho: é um novo sorriso e aprendizado. A história
do colégio é lembrada numa sala especial, com o progresso sendo estampado com
orgulho na parede.
As reformas do prédio em fotos, peças de uniforme mudadas
com a linha do tempo. Fotos de alunos que lá passaram ajudavam a contar a
história do colégio.Muitos já formados por excelentes faculdades deixaram suas
marcas na lembrança.
Histórias são contadas de grandes feitos, figuras
peculiares, ou mesmo por aquele que chegou pequenininho e tiveram as
dificuldades de aprendizado superadas, se tornando excelentes profissionais,
cidadãos atuantes e com valores na nossa sociedade.Bem, eu nem preciso dizer
que não somente encontrei meu objetivo. Mas, da escola vieram também muitas
respostas. As páginas dos dias passaram. E foram escritas, não só com as tintas
da sabedoria e do aprendizado, mas lavradas com o fogo do entusiasmo.Sabia
disso a cada dia, pelo sorriso estampado no rosto da minha filha ao sair da
escola.
Valeu o esforço. Muito mais que o aprendizado na mente, ficou no
coração dela a lembrança dos professores. Afinal, acabei descobrindo o
verdadeiro objetivo da vida: carinho não tem preço.
Monica Martins
Jornalista
monica-martins2009@uol.com.br
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