segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Em busca da escola certa para minha filha


Naquele dia saí com um grande objetivo: encontrar uma boa escola para minha filha. Mas que tipo de escola? Pequena ou grande? Que tipo de linha pedagógica? Será que saberiam colocar limites e ainda assim serem modernos?

Tinha uma ideia razoável do que queria. Precisava ter um bom ambiente e valores parecidos com os meus. Espaço e conforto para as atividades. Treinamento contínuo para os professores. Proporcionasse condições para uma boa faculdade, de preferência, por um bom preço.  E por último, mas não menos importante: ser um lugar onde minha filha tivesse prazer em estudar.

Coloquei todas as interrogações na bolsa e fui visitar as melhores escolas da região. Afinal, existem na praça muitas escolas prometendo acelerar o desenvolvimento das crianças. A disputa muitas vezes ultrapassa o limite ético e descamba para a propaganda barata. Muito pomposo, mas sem conteúdo.Como se aquela escolinha da esquina tivesse tido acesso a um estudo fabuloso que revoluciona o ensino mundial e que, por milagre, foi entregue só para ela. 

Precisava ter cautela!Os pequenos não estão preparados para aprender da mesma forma que os mais velhos. Idealmente, a escola deve ser um ambiente seguro e estimulante supervisionado por adultos preparados. Os tempos mudaram: hoje, estamos na era do espetáculo global. Assim, tinha de ser uma escola que tivesse tradição, com o olhar no futuro e com os pés no chão.
A vida é puro malabarismo. Procurei sair de banda dos apelos das escolas fora de série, sem avaliação do aluno. Talvez minha filha é que ficasse por “fora” de tudo. Ora, o objetivo do estudo não é preparar o aluno para o vestibular?! Daquelas que cheiravam naftalina com seus modelos velhos passei bem longe. Certeza mesmo você só vai ter no dia a dia. Mas uma visita com a criança na escola pode ajudar bastante antes de tomar a decisão. 

Foi isso que fiz. Não há nada demais em buscar referências com colegas ou pais que você conheça na porta da escola. Eles geralmente ajudam a compreender como funciona na prática o projeto pedagógico. A troca de idéias é sempre uma ótima pedida. Foi uma grata surpresa quando encontrei uma escola. Já no portão tive ótimas referências. 

Os pais pareciam satisfeitos e me disseram que a escola acolhe bem os seus filhos. Que o ensino é forte, e que as apostilas são bem preparadas. E o mais importante: que os filhos saíam felizes da escola.Bem, não satisfeita, falei longamente com a coordenadora pedagógica e ainda fui numa feira de ciências.  Logo de cara vi muita criança feliz, de fato. Umas tocam flauta, sanfona e tamborim. Outras mostram num ensaio como eclode um vulcão. E, na sala dos pequenos, reciclagem se faz com mãos na massa e viram utensílios de toda ordem. Lá, mitologia é contada em livrinhos confeccionados e desenhados pelos alunos. Charles Chaplin não é filme velho: é um novo sorriso e aprendizado. A história do colégio é lembrada numa sala especial, com o progresso sendo estampado com orgulho na parede. 

As reformas do prédio em fotos, peças de uniforme mudadas com a linha do tempo. Fotos de alunos que lá passaram ajudavam a contar a história do colégio.Muitos já formados por excelentes faculdades deixaram suas marcas na lembrança. 

Histórias são contadas de grandes feitos, figuras peculiares, ou mesmo por aquele que chegou pequenininho e tiveram as dificuldades de aprendizado superadas, se tornando excelentes profissionais, cidadãos atuantes e com valores na nossa sociedade.Bem, eu nem preciso dizer que não somente encontrei meu objetivo. Mas, da escola vieram também muitas respostas. As páginas dos dias passaram. E foram escritas, não só com as tintas da sabedoria e do aprendizado, mas lavradas com o fogo do entusiasmo.Sabia disso a cada dia, pelo sorriso estampado no rosto da minha filha ao sair da escola. 

Valeu o esforço. Muito mais que o aprendizado na mente, ficou no coração dela a lembrança dos professores. Afinal, acabei descobrindo o verdadeiro objetivo da vida: carinho não tem preço.

Monica Martins
Jornalista
monica-martins2009@uol.com.br



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