Em uma
sala de cinema estão presentes homens, mulheres e crianças de todas as idades.
A senhora madura, não consegue conter suspiros de prazer ou comentários
aflitos. Um garotinho de cerca de quatro anos se agita, fala com a mãe, esconde
o rosto, volta a olhar. O filme narra uma história de amor, mostra corpos nus
se entrelaçando, vampiros ameaçadores, lobos enormes, ferozes, em lutas
sangrentas que estraçalham e despedaçam os indivíduos. A recomendação da idade
mínima para assistir essa ficção é doze anos!
Há, na
nossa sociedade, uma mudança em curso nos últimos anos. Crianças e adultos
compartilham cada vez mais os mesmos espaços. Estão juntos nos restaurantes,
nos shopping centers, nos hotéis, na sala de visitas até altas horas. Esta
proximidade tem vários efeitos benéficos, mas pode mergulhar as crianças em
situações que ultrapassam as fronteiras da condição infantil.
Quando
soma-se a isso um marketing extremamente invasor e eficiente, o consumo
dos produtos audiovisuais fica difícil
de controlar. Os personagens estão em todas as telas, no rádio, na banca de
jornal, no painel publicitário do ônibus, na capa dos cadernos.
Quem
consegue se opor à tamanha enxurrada que gera desejos de participar, de estar
por dentro de tudo? Especialmente nesse momento, os pequenos têm direito à
proteção e precisam ser limitados pelos mais experientes.
A
indicação de idades mínimas pelos órgãos públicos deveria levar os adultos a
balizar seu posicionamento pessoal na proibição de filmes, novelas televisivas,
jogos eletrônicos, etc. Embora seja difícil se situar nessa maré de ofertas,
pais e educadores devem firmar suas convicções e não permitir o que lhes pareça
inadequado. Mostrando um critério,
fundamentando opiniões próprias, transmitirão aos filhos e alunos a noção de que
é possível haver escolha e não é necessário 'seguir a multidão'...
Crianças
que não encontram essa firmeza tendem a ficar perdidas num mingau mole e
disforme que dificulta a constituição da individualidade. Podem ainda vir a ter
uma atitude apática diante da vida, adotando um indiferente 'vale tudo'.
Helena
Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de
Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a
Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia
Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades
Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e
Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a
Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br
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