Meu
filho Felipe, de quatro anos, brinca no playgroud com crianças bem mais velhas
e aprende umas coisas inadequadas para sua idade. Agora deu para falar palavrões terríveis, e
pior, fala na frente das pessoas. Fico brava, envergonhada, a situação só
piora'.
As
crianças não têm nenhuma condição de saber o que estão dizendo quando usam
palavrões que remetem à sexualidade madura. Os adultos, com toda razão, ficam
incomodados diante desses pequenos que se referem a um mundo de experiências e
conhecimentos do qual deveriam estar excluídos. Mas essa é a questão: eles
querem se incluir!
Repetir
o que dizem os outros é uma maneira de se inserir própria dos humanos. Toda a
linguagem é adquirida por meio da repetição. No início, é como se as palavras
fossem ocas, sem significação, aos poucos elas vão ganhando conteúdo.
Quando
Felipe pronuncia os palavrões está procurando decifrar seus significados e
assim participar do grupo dos maiores. Percebe que eles estão 'por dentro' de
algo que ele não entende e isso o atrai profundamente...
Um
movimento semelhante é feito com assuntos que a família, por exemplo, considera
impróprios para as crianças. São frequentemente mencionados por elas, que não
sabem do que se trata, mas sabem como procurar o que há por trás disso que é
tão reservado. Causam bastante incômodo!
A
curiosidade e o desejo de participação são importantes, não devem ser esmagados
com reações violentas. Entretanto, dizer
palavrões constrangedores é um comportamento que merece limites.
Helena Mange
Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento
de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero
a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes
– Psicóloga; professora de Orientação Profissional -
Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para
Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do
Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br
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