quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A história da Chupeta



Lucinha estava com quatro anos e carregava sua chupeta de estimação para todo lado. Isso constrangia bastante a mãe, que já havia sido alertada por várias pessoas: educadores, dentista, amigos. Já tentara de muitas maneiras fazê-la largar: promessas, ameaças, comparações... tudo em vão. Até que um dia, a caminho da escola, atravessando uma ponte sobre o rio, a mãe  sugeriu a Lucia que  jogasse a chupeta para o rio levá-la. A menina concordou e combinaram que no dia seguinte fariam isso. Proposta ousada, pois não haveria retorno... Assim foi feito, e como das outras vezes, a garotinha pediu de volta o objeto querido. Então a mãe explicou que a chupeta não poderia voltar, mas propôs a Lucia que construíssem um barquinho de papel e o jogassem no rio para ele fosse encontrar-se com a chupeta. A partir de então, Lucinha colocou vários barquinhos na água, até que um dia 'se esqueceu' da chupeta...

Sabemos que muitos pais enfrentam a dificuldade de ajudar seus filhos a se desprenderem de objetos, ou de atitudes que se fixam insistentemente. A substituição dessas ligações deve ocorrer como um barquinho que desliza na água, passando de um lugar para o outro. Os adultos que acompanham esses movimentos de passagem são testemunhas das novas aquisições que surgem quando a criança larga a chupeta, deixa a mamadeira, para de chupar o dedo. Aparecem desenvolvimentos na fala, nas brincadeiras, nos interesses por companheiros, na coordenação motora.

A mãe do nosso exemplo teve uma ideia bastante criativa: forneceu o recurso para que a pequena pudesse se soltar do objeto ao qual estava atada. A menina ficava um bom tempo do dia parada, praticando o chupeteio com o olhar meio perdido, desligada do mundo ao seu redor. Ela ajudou a garota a se divertir com outro prazer, o de fazer barquinhos irem pelo rio e imaginar histórias.
Esperamos que Lucia continue encontrando  e usando  recursos que lhe permitam circular por águas antes não navegadas...

Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/


Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br

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