quarta-feira, 12 de junho de 2013

Roubo na infância

A mãe de Aninha está preocupada: já é a segunda ou terceira vez que encontra objetos na mochila da menina que não lhe pertencem. Pergunta de quem são e a garota lhe dá respostas difusas e contraditórias: 'Não sei'. ' É da fulana, ela me deu'. 'É meu!'... A mãe, duvidando da filha e sem saber o que fazer, começa a discursar sobre a impropriedade de pegar o que não lhe pertence, como é feio fazer isso, não devemos desejar o que é dos outros...

Aos seis ou sete anos, aproximadamente a idade de Aninha, a criança já tem noção clara do que lhe pertence ou não, portanto sua mãe tem motivo para se inquietar.

Os pais podem ficar espantados ao verem seus filhos agirem de maneira totalmente contrária aos princípios que prezam e procuram transmitir a eles. Isso fere a imagem 'imaculada' que gostam de manter a respeito dos rebentos e pode tomar proporções desmesuradas nos pensamentos sobre o que poderá vir a acontecer no futuro: 'Meu filho vai ser um ladrão?'.

Ficam desejando que os filhos não tivessem sentimentos e vontades que possam causar dificuldades na vida social e tentam influenciá-los por ai: 'Não devemos querer as coisas dos outros!'

Vontades, sentimentos, desejos, não podem ser banidos do nosso mundo mental, fazem parte do psiquismo normal do ser humano. O que precisamos é aprender a barrar as ações movidas por eles. 'Desejo o estojo da minha colega, mas não posso pegá-lo'.

Às vezes, os discursos mais atrapalham do que ajudam... No exemplo, a fala da mãe poderia se resumir a: 'Você está proibida de pegar o que não é seu. Vamos devolver!'

Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/


Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário