'Mãe,
posso ver televisão?', pergunta Tati,
menininha de 10 anos, em tom de aborrecimento. A mãe, com convicção,
responde: 'Não, você já viu mais de 1 hora de TV hoje'. 'Mas eu não tenho nada
prá fazer!', retruca a garota lamuriosa. E a mãe, voltando ao que estava
fazendo, diz: 'Filha, o tédio faz parte da vida!'. Após alguns minutos, Tati
reencontra uns bonecos que estavam esquecidos num canto e inicia com eles uma
atividade que desperta seu interesse e a diverte...
As
crianças costumam se dirigir aos adultos com essa queixa: 'não tenho nada prá
fazer'. Geralmente, nesse momento se inicia uma sequência de sugestões do tipo
'que tal fazer isso, que tal fazer aquilo', e o mais comum é que todas sejam
rejeitadas pela criança. A situação tende a ficar tensa, com os pais
irritados e filhos cada vez mais insatisfeitos.
A
reação da mãe de Tati é supreendente. Ela não se coloca na posição de quem é
responsável por resolver o aborrecimento da filha. Dizendo que o incômodo faz
parte da vida, mostra à garota aceitação
do sentimento que a perturba. Dessa maneira transmite a mensagem de que não é
necessário que esse estado seja imediatamente eliminado. A tolerância por parte
do adulto contribui para que a criança possa encontrar os próprios caminhos. No
nosso exemplo, a garotinha assumiu a direção, fez a escolha e certamente
desenvolveu sua capacidade criativa. Isso
não teria acontecido se a mãe tivesse acreditado que poderia lhe
'facilitar a vida'...
A
cena mostra também como a televisão pode ser nociva quando utilizada para
afastar a criança do contato com dificuldades que são, como falou essa mãe,
parte da vida. A anestesia e o torpor que a menina procurava na tela teriam
causado no seu dia um empobrecimento lamentável.
Você
já observou como seu filho enfrenta situações de tédio? Poderia de nos contar
como você reage?
Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e
do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho
do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação
Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento
Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do
Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br/
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