'Olha que gracinha!
É a cara do pai!' diz a tia. 'Os olhos são iguais aos da mãe!' afirma a avó. '
A mãozinha é idêntica a do avô!' exclama orgulhoso o papai. Ou ainda, 'puxa,
não tem nada da irmã!'
O bebezinho é
frequentemente recebido com esses comentários. Parentes e amigos buscam
semelhanças físicas, por vezes um tanto forçadas, para reconhecer que o novo
membro é da família, faz parte das suas histórias. À medida em que for
crescendo, outras características surgirão, gerando novas comparações. 'Ele tem
o mesmo jeito de falar do pai'. 'Gosta de música como a avó'.'Não gosta de
matemática como a mãe!'...'Puxou ao tio, é dorminhoco!'. Ou então: 'não sei a
quem puxou, não tem ninguém assim na família.'
Quando o bebê não é
filho biológico, a busca por traços físicos deixa de ter sentido. É por meio de
outros caminhos que a família inclui a criança.
Muito cedo pais
adotivos desenvolvem intimidade com o filho. Ao alimentar, acalentar, acalmar,
educar, conhecer suas necessidades e desejos, eles se tornam as pessoas que a
criança reconhece como seus pais. Este processo também fortalece nos adultos a
identificação de que são os genitores dessa criança, o que os leva a dizer 'meu
filho', sem precisar procurar 'a mãozinha parecida com a do avô'.
Entretanto,
justamente por formarem uma família, estes filhos sentem também a necessidade
de ter uma história que os una aos pais. Estes têm a função de contar à criança
adotada como tudo começou: quanto a desejaram, como decidiram adotá-la, como
foi o processo, a chegada, se sabem ou não algo a respeito da família de
origem...
Essas histórias
serão repetidas e repetidas...fornecendo um apoio fundamental para ela
organizar um panorama de como e porquê entrou na família. Sem esses relatos, a
criança ficará girando em falso, presa a
uma indagação sem resposta que perturba a construção da idéia de quem ela é.
Espera-se que filho
adotivo possa construir a sua subjetividade. Assim como o filho biológico, terá
atitudes que os pais apreciam, outras que nem tanto, algumas características
lembrarão certos membros da família, e outras não se saberá de onde vieram...
Helena Mange
Grinover - Psicologia Clínica;
professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae;
Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes – Psicóloga;
professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de
Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto
Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br/
Extraído do blog: www.vivazpsicologia.blogspot.com
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