A
mãe de Julio, garoto de seis anos, está desesperada com as desobediências do
filho: 'eu agora digo que vou bater se ele não me obedecer, mas não posso fica
batendo o tempo todo. Às vezes, nem isso adianta, ele já sabe que nem sempre eu
bato'.
A
mãe de Camila responde: 'eu digo que vou falar para o pai dela e funciona'.
Após
os cinco, seis anos aproximadamente, as crianças precisam mostrar certa
capacidade de mudar de atitude apenas por meio de palavras. Por exemplo, dizer:
'estamos no cinema, aqui não se pode falar alto' ou 'as visitas se servem
primeiro', deve ser suficiente para que procurem se comportar.Quando isso
acontece, podemos dizer que a criança reconhece uma autoridade.
Privilegiar
a linguagem na busca do entendimento e da aceitação dos limites, é
absolutamente necessário para educar um ser humano para a convivência
social.
Caso
não haja sinal desse avanço, o desenvolvimento e a sociabilidade podem ficar
prejudicados. Todos nós já vimos aqueles pequenos `diabinhos´ indesejados, que
não se integram em lugar algum.
As
mães do Julio e da Camila adotam maneiras muito diferentes de educar. Aquela
que ameaça bater não introduz na sua conversa com o filho uma outra pessoa, ou
um conjunto de regras que ele deva respeitar. A situação fica apenas entre ela
e ele, sendo que precisa sempre dominá-lo por meio de sua força física, no
corpo a corpo. Isso, ao contrário do que se almeja, pode aumentar a
desobediência.
Já
a mãe da Camila não precisa usar a força
física. Ela utiliza o pai de sua filha
como uma referência que a apoia.
Estabelece-se assim uma autoridade, que não precisa ser necessariamente o pai
da criança: é alguém reconhecido e respeitado sem que precise estar de corpo presente, basta que esteja em palavras...
Helena
Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de
Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a
Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia
Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades
Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e
Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a
Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br
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