Algumas
crianças, por volta de 3 anos de idade, estão brincando na areia, sob os
olhares das mães, amigas entre si. Os apetrechos da brincadeira, baldes, pás e
forminhas, pertencem a uma delas. Tudo parece harmônico até o momento em que
uma garotinha, sem que os adultos saibam exatamente porque, resolve retirar os
objetos, até então coletivos, com a famosa frase: ' É meu, não quero que você
pegue!' ' Só a Bia pode pegar, você não, nem o Vitor'. A paz se dissolve: uns
choram, outros resistem, outros se vangloriam por serem escolhidos... E as
mães, não sabem o que fazer. Ficam meio constrangidas, tentando se desculpar.
As
crianças passam por diferentes momentos em relação à posse de objetos. Os
menores, até aproximadamente 2 anos, não
têm noção de 'meu e seu'. Apegam-se, muitas vezes, àquilo que estão segurando,
mas sem a ideia de que lhes pertence.
Por
volta dos 3 anos, principia a noção de que as coisas 'pertencem' a alguém, o
que contribui para fortalecer a criança na sua identidade. Os objetos que ela
possui a ajudam a se perceber como uma
pessoa diferente das outras, eles fazem parte de sua existência individual. Com
esse entendimento vem também o risco de
perder e, de agora em diante, haverá uma fase em que ter ou não ter despertará
fortes sentimentos e reações.
Algumas
poderão ter mais dificuldades em momentos como esse da nossa história e, nestes
casos, convém não forçá-las, pois isso complicará o aprendizado de atitudes de
colaboração e generosidade, que dependem de condições psíquicas constituídas em
tempos distintos para cada um.
É
desejável que os adultos possam admitir filhos ou alunos que sejam `egoístas` por
um certo período , que ocorram certas
choradeiras por causa de brinquedos não compartilhados...Para isso, é
importante perceber que essa dificuldade
é própria do desenvolvimento até aproximadamente os quatro, cinco anos. A
partir daí, os nossos futuros cidadãos podem começar a apresentar maior
tolerância e desprendimento no intercambio social e pode- se solicitar mais
deles.
Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica;
professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae;
Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação
Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento
Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do
Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br
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