quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Choro de Criança


'Minha filha de 2 anos e meio gosta de acordar a noite e vir para o nosso quarto. Gostaríamos de deixar a porta do quarto dela aberta para que ela aprendesse a ficar na sua cama sem que precisássemos fechar a porta, mas se deixamos aberta ela vem. Quando a porta está fechada ela nos chama, chora e quer água ou qualquer atenção. Isso durou quase um mês toda a noite, até que uma noite, já cansados, falamos para ela em tom bravo que era hora de dormir e que a água estava ao lado como sempre e que ela poderia tomar sozinha. Ela chorou por quase uma hora, mas não acordou mais desde então. O que vocês pensam de deixar chorar?'

Essa história nos é contada, muito generosamente, por uma leitora que comenta nosso post 'Dormir de porta fechada'. A resposta à sua pergunta não é simples: há choros e choros... Choramos por tristeza, raiva, alegria, exaltação, perda, vergonha, desespero, dor. Impossível passar pela vida sem chorar!
E há, também, diferentes consequências. É desejável sair de um momento de pranto, melhor do que se entrou: com certo alívio, uma alteração na maneira de enfrentar as emoções, criando algo de novo no universo mental.
Diante de uma criança que chora, seria bom usar a sensibilidade para avaliar se ela está caminhando no sentido de se acalmar, ou se está entrando em desespero cada vez maior. Nesse caso, a vivência de desamparo será tão grande que não permitirá o surgimento de novidade alguma que a enriqueça. Os adultos que convivem com ela poderão acompanhar esses processos e observar as mudanças para decidir o quanto ' vale a pena' deixar chorar...
De qualquer modo, é importante que os educadores não se intimidem com o choro, deixando de colocar restrições que consideram importantes para evitá-lo. Isso poderia levar a criança a usar as lágrimas para obter o que deseja.
A menininha da história, ao que tudo indica, saiu-se muito bem da situação. Provavelmente, criou condições emocionais para permanecer em seu quarto.

Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/

Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br

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