'Minha
filha de 2 anos e meio gosta de acordar a noite e vir para o nosso quarto.
Gostaríamos de deixar a porta do quarto dela aberta para que ela aprendesse a
ficar na sua cama sem que precisássemos fechar a porta, mas se deixamos aberta
ela vem. Quando a porta está fechada ela nos chama, chora e quer água ou
qualquer atenção. Isso durou quase um mês toda a noite, até que uma noite, já
cansados, falamos para ela em tom bravo que era hora de dormir e que a água
estava ao lado como sempre e que ela poderia tomar sozinha. Ela chorou por
quase uma hora, mas não acordou mais desde então. O que vocês pensam de deixar
chorar?'
Essa
história nos é contada, muito generosamente, por uma leitora que comenta nosso
post 'Dormir de porta fechada'. A resposta à sua pergunta não é simples: há
choros e choros... Choramos por tristeza, raiva, alegria, exaltação, perda,
vergonha, desespero, dor. Impossível passar pela vida sem chorar!
E
há, também, diferentes consequências. É desejável sair de um momento de pranto,
melhor do que se entrou: com certo alívio, uma alteração na maneira de
enfrentar as emoções, criando algo de novo no universo mental.
Diante
de uma criança que chora, seria bom usar a sensibilidade para avaliar se ela
está caminhando no sentido de se acalmar, ou se está entrando em desespero cada
vez maior. Nesse caso, a vivência de desamparo será tão grande que não
permitirá o surgimento de novidade alguma que a enriqueça. Os adultos que
convivem com ela poderão acompanhar esses processos e observar as mudanças para
decidir o quanto ' vale a pena' deixar chorar...
De
qualquer modo, é importante que os educadores não se intimidem com o choro,
deixando de colocar restrições que consideram importantes para evitá-lo. Isso
poderia levar a criança a usar as lágrimas para obter o que deseja.
A
menininha da história, ao que tudo indica, saiu-se muito bem da situação.
Provavelmente, criou condições emocionais para permanecer em seu quarto.
Helena Mange
Grinover -
Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise
Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia
Arantes –
Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas;
Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do
Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis.
http://www.institutozeroaseis.com.br