'Meu filho me contou que um coleguinha bateu nele na escola. Eu perguntei: e você, fêz o quê? Bateu de volta? Acho que ele precisa aprender a se defender, e não ficar só chorando', conta a mãe de um menino que como tantas outras enfrenta essa situação.
É muito comum que crianças pequenas se expressem batendo nos colegas mais próximos, com quem costumam brincar. Mostram dessa forma desejos e sentimentos contradítórios: raiva, medo, vontade de se aproximar, de fazer contato, insatisfação, amor. São comportamentos com significados diversos do que teriam para um adulto, e seus efeitos são também diferentes.Vemos amiguinhos se agredindo e logo em seguida brincando juntos , sem sinal de ressentimento.
É muito bem-vinda a preocupação dos pais e professores sobre o que ensinar aos filhos e alunos para que se protejam e evitem ser objeto de violência. Mas não parece uma boa ideia sugerir que reajam 'batendo de volta'.
Cabe aos educadores ajudá-los a entender o que estão querendo expressar no momento em que batem, e a buscar outras formas comunicação. É importante orientar o 'agredido' a não aceitar a agressão, respondendo com palavras ou atitudes e o agressor a encontrar outra via de liberação dos seus impulsos. Esse é um trabalho que exige persistência, pois os pequeninos vão demorar a aprender e a cada idade haverá recursos adequados para essa nobre tarefa.
É importante para a criança aprender a dizer 'não quero que você faça isso comigo', afastar a ameaça, ou buscar ajuda de um adulto se não der conta da situação. Mas, ao aconselhar que reaja batendo, podemos levá-la a se confundir ainda mais, pois se verá igual ao agressor, fazendo exatamente aquilo que não gostou de ver o outro fazer. É uma proposta para se igualar por meio do comportamento indesejável que não ensina a convivência com as diferenças entre seus semelhantes.
Seria um ótimo momento para mostrar a ambos a possibilidade de se expressar verbalmente e de colocar os próprios limites. Afinal, a habilidade de usar a linguagem para se defender é um grande privilégio da humanidade!
Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Extraído do blog: www.vivazpsicologia.blogspot.com