Ela já ficou de castigo várias
vezes e continua repetindo os mesmos erros, não cumpre o combinado, é
displicente, desrespeita os adultos, parece que gosta de provocar …’
Em um grupo de conversas sobre
educação, o pai assim se refere às dificuldades que enfrenta com sua a filha de doze anos.
A intenção dele, ao castigá-la, é
torná-la responsável, respeitadora, mas não está conseguindo. Sente-se
desafiado e, querendo se impor, termina
infringindo penas cada vez mais severas. Ocorre que a força de oposição e a
desobediência da menina aumentam na mesma proporção.
Essas punições, impostas com
ferocidade, fazem com que ela veja o pai como um opressor poderoso que precisa
ser combatido. A situação desperta na menina muita raiva, e também muita culpa,
pois ela gosta dele e quer o seu amor.
Ao sentir-se assim, a garota
acaba provocando os castigos, afinal ela se convence cada vez mais de que é má
e age como tal.
Ele, felizmente, está percebendo esse movimento repetitivo,
provocador, e começa a se questionar.
Esbarrou no seu próprio limite, não sabe mais o que fazer e reconhece
que precisa aprender algo sobre castigos…
Agora tem chance de mostrar-se à
filha como uma pessoa menos teimosa e impermeável. Poderá então oferecer-lhe
esse exemplo e ajudá-la a diminuir a oposição que, do mesmo modo, ela teima em
fazer.
As crianças precisam sofrer as
consequências de seus atos, mas é da mesma importância que os adultos mostrem
que também estão submetidos a
critérios para educá-las.
Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na
UNIP e do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do
Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação
Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento
Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do
Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br
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