Não
sei o que meu filho tem, de uns tempos para cá não dá sossego. Por exemplo, ele
adora brincar com os carrinhos e com uns bonecos...mas quer que eu fique
sentada, olhando. Se eu me afasto um pouco, vou até a cozinha, lá vem ele atrás
me chamando, 'maaãe!´.
Quando
perco a paciência, falo que ele está grande e saio, chora bastante,
desesperado. O que fazer, é pura manha?' Esta é a questão formulada por uma
participante de nossos grupos de conversa com pais.
Fazer
diferença entre manha e desespero pode ser um engano. O importante é o grau de
sofrimento, e o fato da criança não conseguir fazer uma mudança nesta situação,
que se repete sempre da mesma maneira.
É
possível que o garoto sinta-se mal quando sua mãe se retira porque desaparece
junto com ela o mundo criado por ele, em que os brinquedos têm vida e lhe fazem
companhia. É um momento em que se perde certa capacidade de separação da mãe,
necessária para dar estabilidade ao ato de brincar.
Em
geral essa condição se estabelece em torno dos dois anos de idade. Sabemos,
entretanto, que ao longo da infância, ou mesmo durante a vida, o olhar de
alguém pode, eventualmente, tornar-se de
novo fundamental.
Caso
seja possível, a mãe do menino deve garantir, por enquanto, sua presença nesses
momentos, até que ele possa firmar um cenário com a imaginação, que não evapore
quando ela se afasta. Daí então os brinquedos substituirão a mamãe...
Manter
essa substituição é condição para aumentar a independência, enriquecer a
criatividade para estudar, trabalhar, ter prazer na vida.
Helena Mange Grinover - Psicologia Clínica; professora na UNIP e
do Departamento de Psicanálise Instituto Sedes Sapientiae; Membro do Conselho
do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br/
Marcia Arantes – Psicóloga; professora de Orientação
Profissional - Faculdades Paulistanas; Trabalho de Promoção do Desenvolvimento
Pessoal para Professores e Alunos do Instituto Europeo Di Design; Membro do
Conselho do Instituto Zero a Seis. http://www.institutozeroaseis.com.br